A coreógrafa Lia Rodrigues se inspirou em um mito yanomami para criar Para que o Céu não Caia. Com participação de alunos da Escola Livre de Dança da Maré, da favela da Maré (Rio de Janeiro), a performance propõe “segurar” o céu para salvar a humanidade, a partir da mitologia que diz que o mundo acabará quando o céu desabar.

Segundo relato do xamã Davi Kopenawa, o mito yanomami do fim do mundo diz que, rompida a harmonia da vida no universo, o céu desabará sobre todos os que estão embaixo dele (e não apenas os povos indígenas). Diante de uma era de barbárie e catástrofes ambientais, o que podemos fazer para, de alguma forma, segurar esse céu, impedindo-o de cair sobre nossas cabeças?

Pensando nessa questão, a coreógrafa Lia Rodrigues propõe uma dança para “sustentar” o céu e fazer a vida seguir pulsando na Terra. A concepção do espetáculo teve início com um projeto realizado pela companhia dentro da favela da Maré, no Rio de Janeiro, onde a coreógrafa atua há mais de dez anos. Bailarinos e jovens alunos da Escola Livre de Dança da Maré criaram uma série de exercícios coreográficos a partir de indagações sobre o presente da comunidade e o futuro do planeta.