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Solidão Pública

Você

acorda para cuspir guarda a escova e os dentes veste uma camisa branca calça cinza botas para descer escadas ligar o carro e outras máquinas escuta o trânsito a batida da estaca do carro e de outras máquinas que aceleram a cidade feito uma prova de resistência na qual vira um bicho come um frango de hormônios que não dorme iluminado dia e noite com batata doce e concorda e discorda oprime julga diz que vai bater e para isso vai ter que esperar pois tem um ataque cardíaco mas agora corre tranquilamente para o hospital conveniado e de convenção em convenção ligando nada ao coisa alguma postando foto no insta no face no twitter no snapchat depois que come que transa que corre que toma banho que se troca que sai da balada o sol a pizza o decreto de sexta enquanto trepa de emprego em trabalho batendo ponto no lugar das vírgulas apostando tudo em textos escritos no escuro diante dos estímulos que recebe por segundos quilômetros frames angustiados que te pedem e ganham a atenção no momento que a perde quando falava no skype com seu irmão e de repente  cai a conexão deixando o vazio sem presença sem o outro feito Be Right Back em Black Mirror fazendo com que se sinta um estrangeiro em si num deserto branco grande de nada de tanta coisa que mata de dentro para fora até descobrir que esse nada é parte do que procura sob a pressão social falsa daqueles que rejeitam sua pura liberdade em troca de sua também pura e má fé feito um caixeiro viajante que abandona suas vontades seus desejos para sustentar sua família e pagar a dívida de um país dividido inquieto que alterna solitude por opção de luz e solidão por condição das sombras de um fundo divertido e tenso tentando encaixotar tudo curar o que não é doença enquanto adoece de pressa de pressão criando a experiência sem sequer passar por ela sem se importar se a relação é afetiva e não coletiva valendo-se da paranoia androide ou IOS de tempos modernos de 40 minutos atrás quando ainda escutava seus pensamentos e os outros os dos outros antes de aumentarem o volume e o tom de sua Rave particular e isso e todo o tempo

sozinho.

Texto de Claudio Eduardo, editor web do Sesc Bertioga.

Baseado nas impressões imediatas pessoais e roubadas de quem assistiu ao espetáculo Solidão Pública

 

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