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Realidades da dança na América Latina

Chile, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Uruguai, Brasil e Argentina: estes foram os países traçados durante os 17 mil quilômetros rodados por Tamara Gonzalez e David Gonzales durante a produção do documentário DanzaSur Escena Contemporánea, exibido na Bienal Sesc de Dança.

Em uma investigação sobre o contexto da dança contemporânea nestes países da América Latina, tão próximos de nós, mas ao mesmo tempo tão desconectados pela falta de um intercâmbio mais intenso, os realizadores conseguiram traçar um rico panorama com depoimentos de mais de 130 artistas. Contando com estruturas colaborativas no estilo CouchSurfing, Tamara e David partiram de casa em casa, conversando e também perguntando ao próprio artista quem deveria ser o próximo entrevistado, conectando uma rede que nos leva a um recorte das realidades do Brasil e de nossos vizinhos.

Aqui reunimos falas do documentário em que artistas refletem sobre as implicações do fazer dança contemporânea em seus países.

“É um desafio também para, a partir da dança, apoiar este processo que está vivendo a Bolívia que é a busca de uma identidade, uma identidade diferente à desenvolvida com uma cultura herdada, imposta, com a que nos sentimos colonizados.”
Sylvia Fernández – La Paz/Bolívia

 

“Um tema extremamente grave é a arquitetura para a dança, não existem, na Argentina, espaços para a dança (…) Então isso condiciona muito as obras, condiciona a produção.”
Fabiana Capriotti – Buenos Aires/Argentina

 

“Não temos uma história da dança contemporânea. É muito jovem. E não sabemos, se não temos história, por onde vamos começar. E um tempo estivemos repetindo coisas que estavam acontecendo na Europa.”
Michel Tarazona – Lima/Peru

 

“Aqui o que acontece é que há uma história, mas ao mesmo tempo há um convívio, porque a história é muito curta, e a maioria das pessoas que começaram seguem. Muita gente se transformou, transformou completamente sua linguagem, de cara a uma contemporaneidade, um pouco mais globalizada.”
Carolina Silveira – Montevidéu/Uruguai

 

“Temos ainda, em nossas relações, uma forte influência colonial de menosprezo a nós mesmos. Então é difícil sair destes processos de auto desgarramento, autodestruição, não só como indivíduos, mas como coletivos.”
Valéria Andrade – Quito/Equador

 

“Eu sinto falta às vezes nos artistas brasileiros de estarem dizendo que dança contemporânea é essa que acontece aqui. Nesse país, tão idiossincrático, com tantas diferenças econômicas, sociais, religiosas, Ainda sobre isso, o que eu vejo muito em dança contemporânea no Brasil, é que ela olha demais pra Europa.”
Jaqueline Vasconcellos – São Paulo/Brasil

 

“O panorama da dança contemporânea aqui é bastante pequeno. Então, realmente minha preocupação é como podemos ampliar isso. Realmente podemos contar nos dedos das mãos. Como podemos fazer com que se expanda.”
Edith Correa – Assunción/Paraguai

 

“No Chile habitam realidades super distintas.(..) Estamos o tempo todo deslocando pensamentos sobre uma construção de país. Então não dá pra fazer dança sem tudo isso.”
Pablo Zamorano – Santiago/Chile

O documentário foi disponibilizado na íntegra pelo canal DanzaSur no youtube.

Texto de Mariana Krauss, editora web do Sesc Taubaté.

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