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“Ninguém vai tirar a nossa felicidade jamais”
O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência.
Nem uma culpa como nos fez crer a religião.
O corpo é uma festa.
(Eduardo Galeano)
Para o coletivo Toda Deseo alegria é resistência sim. A Gaymada transformou o campo society – ambiente tradicionalmente dominado por outro tipo de masculinidade – num palco de celebração da maravilhosidade de cada umx dxs participantes.
Peruca, maquiagem, barbas, peitos, glitter, meiões esportivos e muito orgulho de se expressar exatamente como se deseja: começou o 26° Campeonato Interdrag de Gaymada. A equipe de gayrrilheras lésbicas, drags e travesti se divide na organização do campeonato. Algumas assumem o posto de líderes de torcida, aquecendo o público com coreografias glamurosas sobre as músicas da cultura pop – principalmente brasileiras – escolhidas ao vivo pela DJ Confusa . Ao mesmo tempo, falas e bandeiras políticas em nome da garantia de direitos à comunidade LGBTTQI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queers e pessoas intersex). E o público é convidado a formar os times para efetivamente competir na gaymada.
Para Rafael Lucas Bacelar, do Coletivo Toda Deseo, é notável o interesse da Bienal em olhar para outras áreas de dança como o Voguing , o Lipsync e a própria gaymada: Uma bienal internacional de dança é um espaço de poder, é um espaço de fala. Então a gaymada acontecer nesse lugar e com essas pessoas que estavam aqui, pra gente é algo impressionantemente maravilhoso.
A estrutura festiva busca trazer as pessoas para um lugar de convivência, onde elas possam trocar, se colocando em um ato político e artístico. E o fato da gaymada acontecer à tarde – com direito a performance de dublagem da travesti negra Nickary Aycker – não é um acaso:
É dizer pra essas pessoas, que vivem a vida comumente, que elas precisam conviver com essas outras pessoas. Não é elas que vão me autorizar a estar presente. Nós é que vamos estar presentes e assim a gente começa esse diálogo de convivência.

Campeonato Interdrag de Gaymada. Foto: Fernando Bisan
Neste momento, a convivência realmente acontece. Pessoas de diferentes idades, gêneros e orientações sexuais assistem, torcem e jogam num clima de celebração, que também é proposital:
Toda vez que a gente pensa nas travestis ou nos gays que foram agredidos, sempre cai nesse lugar da tristeza, e de novo a gente vai ficar amargurado, com medo de sair na rua. A gente vai pelo viés contrário, a gente vai festejar. Pode acontecer o que for, mas ninguém vai tirar a nossa felicidade jamais.
A Gaymada acontece novamente no dia 20/9, ao meio dia, no Marco Zero da Unicamp.
Texto de Mariana Krauss, editora web do Sesc Taubaté.
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