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Corpos que contam histórias
Se o corpo é a única mídia a que temos acesso do primeiro ao último momento de nossas vidas, por que não acessar suas memórias para, com ele, também contar histórias da dança? Na Biblioteca de Dança, artistas são convidados a contar suas lembranças sobre peças assistidas por eles em qualquer momento de suas vidas. Com as subjetividades inseparáveis de narrativas que têm a memória como documento, cada pessoa se transforma em um volume deste acervo.
Um livro que te olha nos olhos, se apresenta e fala quais são os seus capítulos.
Para Neto Machado, que juntamente com Jorge Alencar dirige o espetáculo, a obra caminha no sentido de pensar memória, documentação e registro como movimento: É por isso que a gente fala que a biblioteca é um trabalho coreográfico, é um trabalho de composição, é um trabalho de você pensar como que eu me coloco dentro da minha ficção histórica, poética, estética, política, como é que meu corpo tá nisso. E por isso que a gente acessa essas memórias a partir da experiência, de como é que meu corpo estava nesse lugar. E o que que o meu corpo pode dizer sobre essa peça.
Nestas narrativas, o hoje é visto como uma encruzilhada entre passado e o futuro de uma forma não linear, sem uma única direção: A gente acredita que é possível sim mudar o passado (…) Se mudamos a nossa interpretação de coisas que aconteceram, a nossa narrativa dessas coisas, nossa ficção sobre o que foi o nosso passado, o passado muda.
E o corpo é o lugar em que isso acontece:
É o lugar em que eu acesso as minhas memórias, é o lugar que eu acesso as minhas ficções, é o lugar onde eu componho.
Neto Machado
A cada nova Biblioteca, novos artistas são convidados a fazer parte do acervo: Tem um desejo muito forte de formar um grupo que possa falar de diferentes lugares. De que lugar essas pessoas falam?
O desejo de reunir artistas da cidade procura explorar e compreender história do lugar sob pontos de vista distintos e em que os diferentes tipos de passado geram também diferentes tipos de narrativas.
A Biblioteca de Dança segue aberta para consulta nos dias 21 e 22, das 15h às 18h, na Biblioteca do Sesc Campinas.
Texto de Mariana Krauss, editora web do Sesc Taubaté.
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