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Corpo_MEIO DE TRANSPORTE

Oficina Fleshion. Foto: Roberto Assem
“O corpo é o primeiro e o mais natural instrumento humano e será, inevitavelmente, o último”
Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo.
Fabiana Murgel
Mover-se é urgente
E também natural do corpo.
Diante da estagnação muscular, outros corpos passam a atuar por e em você. Sabe aquele papo de que se deixarmos de existir, em pouco tempo metrópoles inteiras seriam tomadas pelas florestas?
Coexistimos em interdependência dos outros, sejam próximos ou não. Quando não nos movimentamos, são sim os movimentos dos outros que nos tiram do lugar. O corpo não para, mesmo quando não se movimenta. Por ação do tempo ou de outro alguém, sempre haverá dança em nós.
Ao passo que, quando nos deslocamos por nós mesmos e observamos as origens e as intenções de cada gesto nosso e do que nos é externo, neste momento, provocamos dança; dançamos.
Meio e transporte
Através desse organizado de ossos, músculos e desejos percebemos o mundo, criamos relação com ele e o modificamos.
Ana Cristina Ribeiro
Ele é meio, pois através dele sentimos e depois percebemos, ou seja, interpretamos o externo. Apreendemos com o outro àquilo que não nos fazia parte ou sentido até então. A isso denominamos compreensão. Você entende uma paisagem através de uma foto, mas só poderá compreendê-la se experienciar esse lugar, se senti-lo com seu corpo.
Daniela Mattos
Ele é transporte, visto que carrega alma – ou coisa que o valha – história e cultura de um canto ao outro, permitindo a troca e o aprendizado entre pessoas e entre elas e seus ambientes. Nesse ir e vir, nem sempre precisamos acelerar.
Alexandre Rodrigues
O caminho importa
Chegar é parte, não o todo. Pensar apenas no fim ou objetivo e ignorar o processo, por ingenuidade ou crueldade, é desperdício de energia e vidas.
Na dança o corpo conta histórias, representa ou questiona valores e situações. Para isso, muito do que foi vivido, apreendido, estudado e, por fim, comunicado em cena, foi feito em trânsito. Para criar e produzir é preciso se desgastar, repetir e repetir exaustivamente a mesma ação ao ponto de não mais separarmos corpo e movimento. Calma, sem pressa. Enquanto isso, olhe pela janela e faça nada.
Cláudia Müller
Esse esforço é recompensado quando começamos a identificar nossos limites e também as formas de ultrapassá-los. Seguimos carregando nossas experiências e elas se somando às dos outros num único movimento. De um lado ao outro, somos livremente conduzidos para o diferente e percebemos que, logo atrás dele, está o inédito. Com nossos corpos, chegamos ao aqui e nele vive o agora.
Marcus Bastos
Claro Marcus!
Podemos pagar aluguel e transitar de casa em casa, fazendo de qualquer lugar um lugar comum. Tanto quanto podemos mudar de quintal todos os dias, morando em motorhomes em lugar algum, no meio do caminho.
Não dançamos com nossos corpos. Dançamos neles. Entre eles.
Quando deslocamos a mente abrigamos os músculos.
E isso vale, indo e vindo.
Texto de Claudio Eduardo, editor web do Sesc Bertioga.
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